GovTech

Por que investir em GovTech? Uma empresa líder em Capital de Risco analisa

Por que investir em GovTech? Uma empresa líder em Capital de Risco analisa

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A Astella Investimentos é uma empresa de capital de risco líder no Brasil. O investidor Guilherme Lima discute sua decisão de adicionar 2 startups GovTech – Gove e Aprova Digital – ao seu portfólio nos últimos meses.

Recentemente anunciamos investimento em duas Startups GovTechs: a Aprova Digital e a Gove. A decisão de investir veio depois de extenso estudo e pesquisas sobre o mercado de tecnologia para governos, em que pudemos entender melhor o potencial deste mercado. Ao final, concluímos que é uma oportunidade única em um mercado em transformação, ainda pouco penetrado, e que pode trazer ao mesmo tempo bons retornos para o fundo e transformar o país.

Sobre GovTech

GovTech é o ecossistema que desenha e constrói tecnologia para apoiar e habilitar a melhor eficiência e transformação de serviços públicos. Governos são reconhecidos pelo uso de sistemas antigos ou legados com modelos de contratação desalinhados com os interesses públicos. Os empreendedores de startups são quem estão construindo essa transformação.

Ecossistema de Tecnologia para o Governo — Stateup 21 — Data Driven Insights Into Global GovTech.
Ecossistema de Tecnologia para o Governo — Stateup 21 — Data Driven Insights Into Global GovTech.

Nossos estudos para o setor foram feitos ao longo de 2019 e 2020. Mapeamos vastamente as soluções no mercado e conversamos com diversos stakeholders do setor no Brasil, como políticos, agentes públicos, bancos de desenvolvimento e acadêmicos.

Em nossa tese, acreditamos que o mercado é muito grande e que há uma inflexão entre os governantes, gestores públicos e mesmo cidadãos, no sentido de exigir maior digitalização e produtividade dos serviços públicos. Da mesma forma que nossas vidas como consumidores já têm sido impactadas e transformadas positivamente por meio da disrupção digital, os serviços públicos ainda estão atrás em termos de experiência do usuário, por exemplo.

Em Venture Capital, Startups GovTech sempre encontram alguma dificuldade de investidores em razão, principalmente, do modelo de compras e a lentidão tradicional da gestão de governos, que traz incertezas sobre o crescimento.

Mas, ao estudar o assunto, desmistificamos e clareamos algumas crenças, e, mais uma vez, acreditamos que há grandes oportunidades dentro desse mercado.

Mercado Grande e Fragmentado:

Segundo a Gartner, os gastos globais dos governos com tecnologia da informação totalizam US$ 438 bilhões. A empresa aponta também que está previsto para o mercado total de TI atingir US$ 2,7 trilhões em 2020, sendo US$ 438 bilhões no âmbito governamental, o que expõe a relevância desse setor, que representa apenas 16% do mercado global.

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Dados da Gartner (Agosto de 2020)

Porém, a penetração de tecnologia nos gastos dos governos ainda é muito baixa, o que acreditamos que traz uma grande oportunidade de crescimento. Por exemplo, só os gastos de despesas militares do governo americano foram de cerca de US$ 732 bilhões em 2019, maior que o mercado global de soluções de tecnologia para o governo.

O Brasil tem 5.560 municípios, sendo que 97% da população está em 3.600 dessas cidades. As compras de tecnologia por parte de governos movimentam aproximadamente R$ 25 bilhões por ano, sendo apenas R$ 5 bilhões, pelo governo federal.

Ainda é um mercado mal atendido. Grandes players mundiais e tradicionais de software, como SAP e Oracle, e empresas de prestação de serviços, como Accenture ou KPMG, são os principais fornecedores dessas soluções para os governos. Ainda, sem inovação e longas implantações ou profunda e única especialidade em soluções para o governo. Por exemplo, nos Estados Unidos, apenas 56% dos estados reportaram que 10% dos seus sistemas estão em nuvem.

No ambiente de startups, das mais de 12 mil existentes no Brasil, de acordo com a ABStartups, apenas 40 delas se intitulam GovTechs. Porém, em nossas análises encontramos diversos fatores que levantam muitas oportunidades de investimento em GovTech, como:

1) Governos estão entendendo a necessidade da digitalização

Acreditamos que a jornada digital do governo no Brasil está começando.

O governo brasileiro já mostrou que pode ser referência em relação à adoção de tecnologias, com os cases que são exemplos mundiais, como a urna eletrônica ou o sistema para declaração de imposto de renda.

Em 2019, foi anunciado, pelo Ministério da Economia, por meio da Secretaria de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, projeto que pretende digitalizar 80% dos serviços públicos prestados à população com o objetivo de reduzir a necessidade de papelada e simplificar o acesso às plataformas oficiais para a população.

Além disso, a pandemia acelerou diversas iniciativas de digitalização de serviços públicos, o que gerou eficiência de diversos desses serviços.

2) Ciclo de vendas é similar ao de processos enterprise

Como mencionado, um sentimento comum é que um dos grandes entraves para desenvolvimento de GovTechs no Brasil é o go-to-market, pela dificuldade de construção da solução junto ao cliente e às licitações. Porém, a média não é alta, é similar à de vendas enterprise.

Apesar dos custos de aquisição poderem ser mais altos que a média de negócios B2B e B2C, a taxa de retenção é alta e churn muito baixo. Uma vez que está dentro, é difícil sair. Também, governos são conhecidos como clientes estáveis em momentos de turbulência em nível macroeconômico, diferente de outros setores.

No âmbito das regulações, também estamos vendo com perspectivas melhores. Por exemplo, o recente Projeto de Lei do Marco de Startups prevê uma espécie de licitação em modalidade especial para resolver demandas públicas por meio de soluções inovadoras. Ademais, há em tramitação um esforço de modernização da Lei de Licitações, de 1993, muito voltada para licitações de engenharia e grandes projetos de infraestrutura, para contratação de tecnologia e inovação pelos governos.

3) Cidadãos mais conectados e exigentes

Os cidadãos mais conectados estão cada vez mais exigentes em relação à eficiência e à transparência dos seus governantes. Escolas, hospitais e espaços públicos municipais ainda funcionam como vinte ou trinta anos atrás, quando comparado com a revolução digital do consumo.

Na gestão, diferente da maioria das empresas médias ou grandes que usa tecnologia como CloudAI/Machine Learning e Big Data para tomada de decisão, a informação nos órgãos governamentais ainda é descentralizada e as decisões são pouco embasadas em dados e evidências. Governantes estão começando a entender a necessidade de buscar essa eficiência.

4) Demografia é favorável

As mudanças demográficas dos políticos do país deverão trazer uma nova geração de políticos mais jovens e do funcionalismo público mais adepta ou com experiência em mercados de alta tecnologia para agregar às secretarias.

5) Aperto nas contas públicas

O contínuo aperto orçamentário está forçando órgãos públicos a repensarem em como fazer melhor uso dos recursos públicos, e a tecnologia vem para trazer soluções de eficiência, agilidade e escalabilidade de operações de governos.

De acordo com estudo da FIRJAN, mais de 80% dos municípios têm questões financeiras difíceis ou críticas. Além disso, cerca de 70% dos municípios brasileiros dependem hoje de mais de 80% de verbas que vêm de fontes externas à sua arrecadação.

Isso acontece porque a gestão financeira é antiga e custosa. Não há área ou uso de análise de dados ou sistemas de inteligência para auxílio na melhor tomada de decisão quanto a, por exemplo, retorno de um investimento ou análise de compras pelo município. As GovTechs podem ajudar governos a tomar melhores decisões, a custos muito mais baixos.

Além disso, inflação, corte de custos e aumento de arrecadação são itens difíceis de se ajustar ou gerenciar, e o melhor caminho acaba sendo sempre aumentar a produtividade.

Sobre as empresas investidas

Depois de uma vasta análise de mercado, as duas novas investidas mostraram ter elementos impressionantes e que influenciaram nossa decisão de investimento, como: (i) equipe empreendedora de missionários, de grande domínio e experiência neste mercado, (ii) um produto dez vezes melhor do que qualquer alternativa atual no mercado e (iii) uma hipótese de máquina de vendas eficiente e escalável.

Gove (https://www.gove.digital/)

A Gove tem o objetivo de transformar o setor público, por meio de tecnologias que simplificam o dia a dia do gestor público e melhoram o processo de tomada de decisão. Líderes municipais podem utilizar a plataforma Gove para aumentar a eficiência das administrações públicas e melhorar a qualidade dos serviços públicos oferecidos ao cidadão.

Visando atacar o problema da falta de eficiência e transparência, nasceu a Gove, que visa auxiliar os municípios a tomarem melhores decisões por meio de Data Analytics e uso de melhores práticas. O produto da Gove integra sistemas de gestão da prefeitura e monitora e analisa dados em busca de ganho de eficiência e gestão de oportunidades. Além disso, fornece, por meio de plataforma, informações em real-time para gestão dos recursos e tomada de decisão pelo secretário da fazenda.

Aprova Digital (https://www.aprovadigital.com.br/)

A Aprova Digital (“Aprova”) tem como objetivo desenvolver as prefeituras e secretarias para que sejam mais eficientes, transparentes e ágeis, economizando os recursos públicos e reduzindo em até 90% o tempo de liberação de processos. A grande motivação do time para construção da solução se baseou na dor da experiência anterior como empreendedores na obtenção de alvarás de obras.

Hoje, a Aprova oferece um Workplace para as secretarias e comunicação interna de órgãos públicos. Os módulos trazem melhor o alinhamento e agilidade para as equipes, maior transparência nos processos da comunicação das secretarias.

Contribuições externas não refletem necessariamente nossas opiniões.